terça-feira, 4 de junho de 2019

Vida e Obras de Rachel de Queiroz

Gosto de palavras na cara. De frases que doem. De verdade ditas (benditas!). Sou prática em determinadas questões: ou você quer ou não.


Rachel de Queiroz


Vida e Obra de Rachel de Queiroz

    Rachel de Queiroz foi uma grande escritora, jornalista, tradutora e dramaturga brasileira. Ganhou diversos prêmios, dentre eles o "Prêmio Camões" (1993), sendo portanto, a primeira mulher a recebê-lo.
Além disso, foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1977.
Dada sua importância para a literatura nacional, em 2003, foi inaugurado na cidade em que Rachel viveu, Quixadá (CE), o "Centro Cultural Rachel de Queiroz".
Biografia
Rachel de Queiroz nasceu na capital cearense, Fortaleza, no dia 17 de novembro de 1910.
Filha de intelectuais, do advogado Daniel de Queiroz Lima e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendente, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna era prima José de Alencar), com apenas 7 anos sua família muda-se para o Rio de Janeiro e depois para Belém do Pará.
Depois de dois anos retornam ao Ceará e Rachel torna-se aluna interna do “Colégio Imaculada Conceição”, formando-se professora em 1925, com apenas 15 anos de idade.
Lecionou História e com 20 anos, em 1930, publica seu primeiro romance, “O Quinze”, o qual retrata a seca de 1915 no nordeste do país e a realidade dos retirantes nordestinos.
A obra bem recebida pelo público, “O Quinze”, foi agraciada com o prêmio da Fundação Graça Aranha.


   Rachel de Queiroz foi uma grande escritora, jornalista, tradutora e dramaturga brasileira. Ganhou diversos prêmios, dentre eles o "Prêmio Camões" (1993), sendo portanto, a primeira mulher a recebê-lo.
Além disso, foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1977.
Dada sua importância para a literatura nacional, em 2003, foi inaugurado na cidade em que Rachel viveu, Quixadá (CE), o "Centro Cultural Rachel de Queiroz".
Em 1927, após uma publicação com o pseudônimo “Rita de Queiroz” no Jornal do Ceará, Rachel é convidada para colaborar e começa a publicar diversas crônicas e a trabalhar como repórter. Foi militante política e afiliada ao Partido Comunista Brasileiro desde 1930.
Em 1932, casa-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira, separando-se em 1939. No ano seguinte, casa-se novamente com o médico Oyama de Macedo, com quem permanece até seu falecimento, em 1982.
Em 1992, escreveu o romance “Memorial de Maria Moura” o qual lhe conferiu o "Prêmio Camões". Aos 92 anos, no 4 de novembro de 2003, na cidade do Rio de Janeiro, descansando em sua rede, falece Rachel de Queiroz.



Obras

Possuidora de uma vasta obra, Rachel de Queiroz escreveu romances, contos e crônicas, com destaque para ficção social nordestina. Além disso, escreveu literatura infanto-juvenil, antologias e peças de teatro. Segue abaixo algumas obras:

O Quinze (1930)
João Miguel (1932)
Caminhos de Pedras (1937)
As Três Marias (1939)
Três romances (1948)
O Galo de Ouro (1950)
Lampião (1953)
A Beata Maria do Egito (1958)
Quatro Romances (1960)
O Menino Mágico (1969)
Seleta (1973)
Dora Doralina (1975)
Memorial de Maria Moura (1992)
Andira (1992)
As Terras Ásperas (1993)
Teatro (1995)
Falso Mar, Falso Mundo (2002)


Biblioteca da escritora Rachel de Queiroz retorna ao Ceará



No total, são mais de 3 mil itens, entre periódicos e livros raros, como as primeiras edições de Carlos Drummond de Andrade e edições limitadas de Pedro Nava e Manuel Bandeira
A  biblioteca da escritora Rachel de Queiroz retorna ao Ceará, sua terra natal, graças à parceria entre a Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, e o Instituto Moreira Salles (IMS). Composta de 3.063 itens, sendo 2.800 livros e 263 periódicos –, a biblioteca da autora, abrigada na sede do IMS na Gávea, Rio de Janeiro, foi transferida para a Biblioteca Central e a Biblioteca de Acervos Especiais da Universidade de Fortaleza (Unifor) e estará disponível para o público a partir de fevereiro.
O acervo traz obras raras de literatura, poesia, críticas e estudos literários. Entre elas estão as primeiras edições dos livros “Claro Enigma” (José Olympio, 1951) e “Fala, amendoeir’a” (Editora do Autor, 1957), de Carlos Drummond de Andrade; “Mafuá do malungo: jogos onomásticos e outros versos de circunstância” (Editora O Livro Inconsútil, 1948), de Manuel Bandeira, edição especial de 110 exemplares em papel de linho impressa por João Cabral de Melo Neto para os amigos do poeta e uma edição limitada de 50 exemplares de “O defunto”, (Editora Macunaíma, 1967), de Pedro Nava, assinada pelo autor.
Dedicatórias
A coleção destaca também dedicatórias de alguns dos principais nomes da literatura brasileira à autora de “Memorial de Maria Moura”. Graciliano Ramos, na edição de “Angústia” (José Olympio, 1947), escreveu: “Rachel, este livro não é meu: é nosso. O seu trabalho para arrancá-lo foi pelo menos igual ao meu, sem exagero. Diga-me uma coisa: por que é que v. não transforma em romance o 'Retrato de um brasileiro'? Seria admirável. Abraços, Graciliano. Rio, 1947”. O mesmo autor, em “Insônia”, publicado no mesmo ano pela José Olympio, registrou: “Rachel, as histórias não prestam, mas foi necessário publicá-las. abraço, Graciliano. Rio, 1947.”
Para a reitora da Unifor, Fátima Veras, a iniciativa da Universidade e do IMS se reveste da maior importância ao permitir o acesso dos cearenses a um acervo de valor histórico inestimável e de grande relevância para a pesquisa e preservação da literatura brasileira. “Na Unifor, ela se unirá a outros grandes e importantes acervos, mas certamente esta biblioteca receberá carinho especial de alunos, professores e colaborares da Universidade e do público em geral por toda a sua relação com a história de todos nós, cearenses”, diz a reitora.
Elvia Bezerra, do IMS, afirma estar bastante feliz com a doação da biblioteca, apesar de ter que se desfazer de um acervo tão valioso. O motivo é também de ordem natural e afetiva. Isso porque Elvia é cearense, natural de Mombaça, “bem pertinho de Quixadá”, terra natal da autora de “O Quinze”. “Rachel de Queiroz dormiu de rede até a sua morte, conservou o sotaque cearense e se manteve fiel às raízes ao longo da vida”, afirma Bezerra.
Segundo ela, a ideia de devolver o acervo ao estado natal da autora foi prontamente atendida pelo IMS. “Conhecemos a Unifor e sabemos que a Universidade é qualificada para manter o alto padrão de cuidados estabelecido pelo IMS. Trata-se de uma bela parceria”, enfatiza.
A doação foi homologada pelo IMS à Maria Luíza de Queiroz Salek, irmã da escritora. “Visitei-a em novembro de 2016, e ela concordou plenamente com o destino do acervo de Rachel”, declara Elvia. Mesma posição teve o bibliófilo José Augusto Bezerra, presidente da Academia Cearense de Letras e dono de vasto acervo sobre Rachel de Queiroz. “Todos reconhecem que a Unifor tem condições não só de preservar, mas também de difundir esse rico material de pesquisa”, salienta





Frases


Segue abaixo algumas frases da escritora:




“Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.


Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.”


“Não sou feminista. Acho que a sociedade tem que crescer em conjunto. A associação mulher e homem é muito boa e acho um grande erro combater o homem.”


“Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?”


“A gente nasce e morre só. E talvez por isso mesmo é que se precisa tanto de viver acompanhado.”


“Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas.”


“Infelizmente não acredito em Deus. Acho uma grande pobreza não ter uma fé. É um desamparo, uma solidão muito grande.”


Telha de vidro

Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
Rachel de Queiroz

A Velha Amiga


Rachel de Queiroz


Conversávamos sobre saudade. E de repente me apercebi de que não tenho saudade de nada. Isso independente de qualquer recordação de felicidade ou de tristeza, de tempo mais feliz, menos feliz. Saudade de nada. Nem da infância querida, nem sequer das borboletas azuis, Casimiro.

Nem mesmo de quem morreu. De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência. A vontade da presença, mas não no passado, e sim presença atual.

Saudade será isso? Queria tê-los aqui, agora. Voltar atrás? Acho que não, nem com eles.

A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais.

Queria ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; fazer sentir que estou expirimindo um sentimento real, a humilde, a nua verdade. Você insinua a suspeita de que talvez seja isso uma atitude.

Meu Deus, acha-me capaz de atitudes, pensa que eu me rebaixaria a isso? Pois então eu lhe digo que essa capacidade de morrer de saudades, creio que ela só afeta a quem não cresceu direito; feito uma cobra que se sentisse melhor na pele antiga, não se acomodasse nunca à pele nova. Mas nós, como é que vamos ter saudades de um trapo velho que não nos cabe mais?

Fala que saudade é sensação de perda. Pois é. E eu lhe digo que, pessoalmente, não sinto que perdi nada. Gastei, gastei tempo, emoções, corpo e alma. E gastar não é perder, é usar até consumir.

E não pense que estou a lhe sugerir tragédias. Tirando a média, não tive quinhão por demais pior que o dos outros. Houve muito pedaço duro, mas a vida é assim mesmo, a uns traz os seus golpes mais cedo e a outros mais tarde; no fim, iguala a todos.

Infância sem lágrimas, amada, protegida. Mocidade - mas a mocidade já é de si uma etapa infeliz. Coração inquieto que não sabe o que quer, ou quer demais.

Qual será, nesta vida, o jovem satisfeito? Um jovem pode nos fazer confidências de exaltação, de embriaguez; de felicidade, nunca. Mocidade é a quadra dramática por excelência, o período dos conflitos, dos ajustamentos penosos, dos desajustamentos trágicos. A idade dos suicídios, dos desenganos e, por isso mesmo, dos grandes heroísmos. É o tempo em que a gente quer ser dono do mundo - e ao mesmo tempo sente que sobra nesse mesmo mundo. A idade em que se descobre a solidão irremediável de todos os viventes. Em que se pesam os valores do mundo por uma balança emocional, com medidas baralhadas; um quilo às vezes vale menos do que um grama; e por essas medida, pode-se descobrir a diferença metafísica que há entre uma arroba de chumbo e uma arroba de plumas.

Não sei mesmo como, entre as inúmeras mentiras do mundo, se consegue manter essa mentira maior de todas: a suposta felicidade dos moços. Por mim, sempre tive pena deles, da sua angústia e do seu desamparo. Enquanto esta idade a que chegamos, você e eu, é o tempo da estabilidade e das batalhas ganhas. Já pouco se exige, já pouco se espera. E mesmo quando se exige muito, só se espera o possível. Se as surpresas são poucas, poucos também os desenganos.

A gente vai se aferrando a hábitos, a pessoas e objetos. Ai, um um dos piores tormentos dos jovens é justamente o desapego das coisas, essa instabilidade do querer, a sede do que é novo, o tédio do possuído.

E depois há o capítulo da morte, sempre presente em todas as idades. Com a diferença de que a morte é a amante dos moços e a companheira dos velhos.

Para os jovens ela é abismo e paixão. Para nós, foi se tornando pouco a pouco uma velha amiga, a se anunciar devagarinho: o cabelo branco, a preguiça, a ruga no rosto, a vista fraca, os achaques. Velha amiga que vem de viagem e de cada porto nos manda um postal, para indicar que já embarcou.

(Crônica publicada no jornal "O Estado de São Paulo" - 13/01/2001)

Pesquisa: Profª Lourdes Duarte

Quer saber mais nesses sites

https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-rachel-de-queiroz/
http://imirante.com/mobile/oestadoma/noticias/2017/01/12/biblioteca-da-escritora-rachel-de-queiroz-retorna-ao-ceara.shtml



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