quinta-feira, 30 de maio de 2019

POESIA LÍRICA E O QUE É LIRICA



POESIA LÍRICA E O QUE É LIRICA

É um gênero de poesia que surgiu na Grécia Antiga, recitada em forma de canto e, normalmente, acompanhada pela sonoridade de algum instrumento musical, como a flauta ou a lira. Aliás, o nome “lírica” (do latim lyricu) se originou a partir deste último.
Atualmente, o gênero de poesia lírica não está diretamente relacionado com a música, como em outrora, mas através das chamadas “sílabas poéticas”, manteve a musicalidade dos versos por meio de uma série de recursos, como as aliterações, os vocábulos e as rimas, por exemplo.
Outra característica particular das poesias líricas é a presença do chamado “eu-lírico”, uma “voz” existente na obra que assume o papel de expressar as emoções, pensamentos e sentimentos mais profundos do autor, de modo totalmente subjetivo.
Existem diversos tipos de textos líricos, de acordo com a forma como são estruturados e os temas que são abordados, como por exemplo:
Soneto: formado por 14 versos (4 estrofes), donde 2 são quartetos (estrofe constituída por 4 versos) e 2 tercetos (estrofe formada por 3 versos).
Elegia: poemas cuja temática é a morte, o amor não correspondido e outros sentimentos que remetem a tristeza. Do grego, a palavra elegia significa “canto triste”.
Écloga: poesia que retrata a vida bucólica no campo, composta predominantemente por diálogos.
Ode: poema de exaltação, normalmente exaltando alguns personagens, por exemplo.
Saiba mais sobre o significado de Ode.
Idílio: parecido com a écloga, pois também fala sobre a vida no campo, mas com a ausência de diálogos.
Hino: semelhante ao ode, pois também tem a função de exaltar e glorificar, mas neste caso se referindo as divindades e a pátria.
A poesia lírica o poeta fala diretamente ao leitor, representando os sentimentos, estado de espírito e percepções dele ou dela. O poema funciona como uma fotografia, registrando emoções e sentimentos do "eu lírico", isto é, a voz que se manifesta no poema. Essa voz pode representar o "eu" do próprio poeta (poesia confessional como a de Bocage) ou de outra pessoa ou ser, como fazia o trovador D. Dinis e como faz ainda hoje o compositor Chico Buarque, que tão bem interpretou os sentimentos da mulher em muitas de suas canções.


 
O que é lírica?

Lírica é a qualidade de algo sentimental, que se destaca pelo seu excessivo sentimentalismo.
Este adjetivo costuma ser utilizado para se referir ao gênero literário composto pelo uso do canto e da música, onde o autor da obra utiliza-se do “eu-lírico” para expor intensas emoções e sentimentos no texto.
Na literatura, o gênero lírico consiste basicamente na poesia (texto em verso), formado por quatro principais aspectos: o eu-lírico, a subjetividade, o lirismo (sentimentalidade) e a musicalidade.
Como dito, a poesia lírica é caracterizada pela presença de um “eu-lírico” no texto, apresentando a narração de um sentimento intenso, como o amor, por exemplo.
Já a poesia épica (ou epopeia) é a narração de histórias notáveis sobre uma nação, civilização, sociedade ou comunidade, normalmente destacando a figura de um herói como personagem principal da obra.




Segue alguns exemplos

Poesia confessional:

AMOR UNIVERSAL
Trago nos olhos a água, nascida na fonte da serra.
Na boca... na boca tenho terra, de tantas vezes ter ido ao chão.
Nas mãos trago uma roseira de luz
onde poesia é espinho ou flor.


No ventre trago a fome de mil gerações,
no peito mais de mil corações
e no coração, um infinito amor.


(Geraldo Chacon, Meu caderno de poesia. SP: Flâmula, 2004.)
Assim como muitos poetas, também Geraldo Chacon interpretou a alma feminina no seguinte poema:



ENFIM, MULHER!!

Cheguei da estrada, calada, triste e pensativa.
Trazia a alma impregnada de noite e de chuva
e o coração partido pelo amor perdido.
Tu me roubaste as roupas e os sentidos.

Tu me tomaste a boca
e me mordeste os seios
e me marcaste as pernas, a nuca
e nunca tão louca estive
entre outros braços.

Nunca, entre outros braços
me senti tão ardente e tão forte
tão perto da morte
e tão junto da vida!

Lutamos com mais furor
que a tempestade lá fora,
mas as árvores acalmaram os ventos
e teus carinhos os meus tormentos.

E rompeu a nova aurora
quando a luz do teu olhar
aqueceu-me todo o corpo
dando-me nova chama
e me fez sentir melhor
e me fez sentir mulher
quando te deitei na cama!

(Geraldo Chacon, Meu caderno de poesia. SP: Flâmula, 2004.)


ODE, cujo sentido grego é canto, poema lírico de forma complexa e variável, exprime alegria e entusiasmo. Surgiu na Grécia Antiga, onde era cantado com acompanhamento musical. A ode caracteriza-se pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto.

Ode

Eu nunca fui dos que a um sexo o outro
No amor ou na amizade preferiram.
Por igual a beleza apeteço
Seja onde for, beleza.


Pousa a ave, olhando apenas a quem pousa
Pondo querer pousar antes do ramo;
Corre o rio onde encontra o seu retiro
E não onde é preciso.


Assim das diferenças me separo
E onde amo, porque o amo ou não amo,
Nem a inocência inata quando se ama
Julgo postergada nisto.


Não no objecto, no modo está o amor
Logo que a ame, a qualquer cousa amo.
meu amor nela não reside, mas
Em meu amor.


Os deuses que nos deram este rumo
Também deram a flor pra que a colhêssemos
com melhor amor talvez colhamos
O que pra usar buscamos.


Fernando Pessoa (Ricardo Reis)

SONETO, pequena composição poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais freqüente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a idéia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor. Dentre os poemas de forma fixa, é o soneto o mais praticado, devido à sua condensação e lógica interna. Ao que tudo indica, o soneto - do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som - foi criado no começo do século XIII, na Sicília. Alguns atribuem a Jacopo (Giacomo) Notaro, um poeta siciliano e imperial de Frederico, a invenção do soneto, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes. Francesco Petrarca aperfeiçoou a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por toda a Europa em suas viagens.


Rua dos Cataventos I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
verde!... e que leves, lindas filigranas
desenha o sol na página deserta!


Não sei que paisagista doidivanas
mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
vai colorindo as horas quotidianas


Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...


Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!


Mário Quintana

QUADRA, forma poética escrita, constituída de quatro versos rimados normalmente 2º com o 4º versos. Vem desde os séculos XI e XIV, quando os poetas portugueses já imitavam a poesia provençal. O poeta expressa todo o seu pensamento em uma única estrofe, demonstrando o poder da síntese semelhante à trova literária em que a rima é 1º com 3º versos e 2º com o 4º. A quadrinha popular lusa é um poema de uma só quadra, setissílaba. No Brasil, é poema de forma fixa com rigores, unânimes, baixados pelas casas trovadorescas, como no ritmo, na métrica e na exigência de mensagem completa, sem o que seria apenas uma estrofe. É o mais curto poema que apresenta todos os requisitos básicos e de métrica .


Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.


Mário Quintana

Há outros subgêneros de poesia lírica, mas podemos dizer que são apenas variações desses que foram mencionados.



Pesquisa e organização da postagem: Profª Lourdes Duarte




Referências


https://www.significados.com.br/lirica/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia_l%C3%ADrica

ALMEIDA, Silas Leite de. Curso prático de português. Belo Horizonte: Vigília, 1971.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo: Nacional, 2005.
http://www.sonetos.com.br/escrever.php Acesso em: 20 maio 2006.
http://www.bahai.org.br/cordel/generos.html Acesso em: 22 maio 2006.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/goldstein/index13.html Acesso em: 23 maio 2006.
http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=6_59 Acesso em: 3 out 2006.
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0067.html Acesso em: 3 out 2006.
http://cfh.ufsc.br/~simpozio/megaestetica/estetica_literaria/el-cap-6.htm#ART.%202-o-y865 Acesso em: 5 out. 2006.
http://ilove.terra.com.br/edna/haicais/aula10.asp Acesso em 5 out. 2006.
http://madrigal2.blogspot.com/2006/08/elegia-crepuscular.html Acesso em: 5out. 2006.
http://www.revista.agulha.nom.br/fmn02.html Acesso em: 5 out. 2006.
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0093.html Acesso em 4 out. 3006.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/mardile



3 comentários:

  1. Olá! Naveguei nas páginas do conhecimento e já estou amando este cantinho. Parabéns! escola de nome da nossa cidade, tem mesmo que mostrar sua história. Abraços

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  2. A escola conheço e é uma grande escola do município em que nasci. uma história como esta tem que ser mostrada para o mundo! já começou bem amei as postagens! Sucesso! Estou seguindo. Abraços

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